Entre os anos de 2015 e 2017 o Brasil enfrentou uma epidemia arbovirótica. Em torno de 2 milhões de pessoas apresentaram sintomas de Zika, Dengue e Chikungunya no país. A região Nordeste possuiu o maior número de mortes, casos de crianças com microcefalia e internações médico-hospitalares relacionadas às doenças arboviróticas. Diante dessa problemática o presente estudo teve por objetivo investigar se as condições econômica, social e de infraestrutura urbana do Nordeste brasileiro contribuíram para ser a região mais impactada negativamente durante a ocorrência da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional de 2015/2017. O levantamento de dados da pesquisa foi realizado nas bases do Ministério da Saúde, Ministério das Cidades, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e em outras entidades governamentais e não governamentais. Os dados apontaram que o quadro de disponibilidade de água, coleta e tratamento de esgoto, infraestrutura urbana deficitária e desigualdade de renda, podem ter contribuído para agravar o quadro epidêmico, sustentando o que vários estudos vêm sinalizando: mais saneamento básico (distribuição regular de água tratada, coleta e tratamento de esgoto, e destinação adequada do lixo urbano) resulta em menos vítimas de arbovírus. Defende-se, portanto, que para compreender a questão da Zika, Dengue e Chikungunya, é preciso reconhecer que estas doenças são disseminadas na sociedade por um vetor que se prolifera, principalmente, devido questões de infraestrutura urbana deficitária, com elevada ineficiência de saneamento básico.