Apesar das intempéries no regime hídrico, dentro da delimitação do semiárido brasileiro destaca-se a presença de corpos aquáticos temporários e permanentes que permitem o desenvolvimento de plantas aquáticas. A riqueza de espécies de macrófitas em ambientes aquáticos no semiárido nordestino é semelhante à riqueza em bacias hidrográficas de outras regiões do Brasil, sendo essencial o levantamento e monitoramento destas espécies. Além da representatividade na composição florística do semiárido, estas plantas desempenham importante papel ecológico, uma vez que, juntamente com microrganismos associados, interferem no pH, oxigênio dissolvido e outros aspectos da qualidade da água, além de se constituírem como base da cadeia trófica nos corpos aquáticos. Ainda são pouco frequentes as contribuições enfocando processos e padrões referentes a este importante componente da flora, lacuna à qual levantamentos florísticos podem complementar ao fornecer dados de sua riqueza, diversidade e biogeografia (LIMA; SILVA; ZICKEL, 2011). Portanto, visando contribuir para o conhecimento da flora aquática e o reconhecimento da importância e necessidade de conservação dos ambientes aquáticos na biodiversidade do semiárido paraibano, este trabalho apresenta o levantamento das macrófitas aquáticas da Cachoeira do Pinga, um trecho do Rio Mamanguape localizado entre os municípios de Lagoa Seca e Matinhas. As coletas foram realizadas em uma área popularmente conhecida como “Cachoeira do Pinga” (7º8'10.9"S, 35º47'32.5"W e 7º8'15.2"S, 35º47'24.3"W). Este ambiente é composto por uma cadeia de afloramentos rochosos, margeados por serras, e que constituem parte da bacia do rio Mamanguape, entre os municípios de Lagoa Seca e Matinhas, semiárido paraibano. A vegetação original configura-se como “Brejo de Altitude”, fragmentos de florestas úmidas dentro do domínio fitogeográfico da caatinga que apresentam características edafoclimáticas distintas da paisagem geral do semiárido, onde se encontra inserida. Foram realizadas coletas mensais no trecho do rio Mamanguape, entre as coordenadas geográficas citadas, no período de Maio/2015 a Abril/2016. Durante as incursões, foram obtidos espécimes férteis (com flores e/ou frutos) das plantas aquáticas e palustres, seguindo-se os métodos usuais para coleta de material botânico, bem como realizados registros fotográficos das mesmas e do ambiente. As coleções obtidas foram processadas e incorporadas ao acervo do Herbário Manuel de Arruda Câmara (ACAM), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Campus I. As espécies foram classificadas segundo o sistema de classificação APG (Angiosperm Phylogeny Group) IV. O levantamento florístico resultou no registro de 15 espécies pertencentes a 12 gêneros e 12 famílias, destacando-se pela representatividade as famílias Onagraceae, com três espécies, sendo elas: (Ludwigia erecta (L.) H. Hara, L. hyssopifolia (G. Don) Exell, L. octovalvis (Jacq.) P.H.Raven), e Commelinaceae, com duas espécies (Commenlina erecta L. e C. diffusa Burm.f.). A representatividade de plantas aquáticas de hábito anfíbio foi mais uma vez evidenciada para ambiente aquático no semiárido paraibano, nordeste brasileiro. Tal fator reflete o caráter adaptativo de determinadas plantas às variações nos níveis de água. Entretanto, haja vista a abundância de sua natureza, a presente área de estudo, assim como outros ambientes aquáticos do semiárido, especialmente no Estado da Paraíba, permanece cientificamente pouco explorada e carece de estudos ecológicos e mais levantamentos de sua biodiversidade.