A princípio, pode-se inferir que História e Biologia são disciplinas que não têm muita relação. No entanto, estas coexistem mutuamente e quando são estudadas em conjunto enriquem muito mais o saber. Tentar solucionar as questões dessas áreas de modo integrado é essencial para entender melhor os processos de transformações nos mais diversos ecossistemas. Nesse sentido, uma das problemáticas mais preocupantes e pouco estudas de forma integrada é a degradação da Caatinga. Esse é o único bioma exclusivamente brasileiro, abrangendo 11% do território nacional e abrigando 25 milhões de pessoas. Porém, é também uma das regiões naturais mais degradadas desde o período colonial, apesar de sua grande variedade em fauna e flora (inclusive no que diz respeito à ocorrência de espécies endêmicas). Neste mesmo âmbito, a caatinga está entre as formações vegetais menos investigadas pelas instituições científicas e as informações por elas apuradas quanto ao potencial farmacológico, gastronômico e de reflorestamento das variedades da Caatinga ainda são muito escassas no chamado campo científico. Desse modo, o presente artigo tem por objetivo analisar a implantação de monoculturas na caatinga e seus efeitos socioambientais, bem como a necessidade, de incentivar o cultivo de plantas frutíferas nativas nessa região do chamado sertão brasileiro. Assim, esta pesquisa se propõe a entender transformações nas relações entre seres humanos e árvores da caatinga. A ideia é compreender como tanto a sociedade humana como o meio biofísico vêm se constituindo e se alterando em conjunto. Para tanto, foram realizadas pesquisas literárias quanto o potencial ecológico subamostrado do bioma, entrevistas com habitantes do município de Pau Dos Ferros/ RN a respeito dos hábitos alimentares de antigamente e localização de relatos de viajantes dos séculos XIX e XX a respeito da variedade e características da biota da Caatinga outrora; tendo por base um diálogo com os pressupostos teóricos e metodológicos da história ambiental que se propõe a entender em conjunto os seres humanos e o restante da natureza ao seu redor no decorrer do tempo. Isto permitiu concluir que a Caatinga é uma das formações vegetais brasileiras mais degradadas e o agronegócio está entre os principais fatores para isso atualmente, pois a implantação de monoculturas de variedades frutíferas irrigadas em prol da agroexportação vem tanto a danificar o ambiente quanto a ameaçar os saberes locais a respeito da vegetação nativa. Porém, tal destruição de suas espécies de alto potencial farmacológico, gastronômico e forrageiro é problema passível de solução. Nesse fito, o incentivo ao plantio de espécies nativas, como a Catingueira, constitui alternativa viável de recuperação e aproveitamento das riquezas típicas da chamada mata branca.