Nosso artigo apresenta uma compreensão acerca das cantorias de viola na cidade de Campina Grande – Paraíba, na década de 1970. Surgido de um hiato nas memorias dos que vivem em Campina Grande procuramos pôr a luz as relações multifacetadas dos cantadores de viola e apologistas. Ao longo do trabalho buscamos apresentar o contexto histórico que os cantadores de viola vivenciavam no recorte temporal e espacial supracitado, onde o núcleo de formação das cantorias é formado por pessoas que estavam no processo migratório do campo para a cidade como uma forma de atender as necessidades sócio-políticas, tendo em vista que a modernidade atingia a cidade de Campina Grande, as novas indústrias ofertavam possibilidades de trabalho para as pessoas que viviam do campo, no entanto o contexto também ofertou a união desses sujeitos na nova realidade, os lugares destinados as rodas de cantorias foram espaços onde a poesia e musicalidade em meio as bebidas e descontração do ritmo frenético do cotidiano proporcionava para a identificação das pessoas nesses lugares de memória, tendo em vista que o processo migratório, as desilusões, sofrimentos, amores e esperanças ocupavam as rimas poéticas, porém os cantadores não se limitavam a estas temáticas, a crítica ao regime militar (1964-1985) vigente no país também compunham as cantorias. Alicerçados na História Cultural, procuramos contextualizar brevemente o contexto histórico nacional e as alterações políticas estabelecidas pela censura como uma maneira de entender o meio em que os cantadores vivenciavam para elaborar sua poesia e, especialmente salientar sua resistência política, econômica e moderna mediante as dificuldades pelas quais muitos passaram, mas que não os limitou, muito menos os reduziu, pelo contrário as cantorias de viola ganharam adeptos e fazem parte da cultura local até hoje. Portanto, nossa proposta busca contribuir com a perene construção historiográfica campinense, principalmente pela lacuna existente no que tange as cantorias de viola, uma maneira de dar voz aqueles que por muito tempo foram silenciados mesmo compondo os ritos culturais de nossa região.