Projetos de Assentamentos Rurais constituem-se verdadeiros laboratórios para se verificar até onde as ações individuais e coletivas podem se aproximar, ou se repelirem, no tocante e preservação da produção ancestral, a incorporação de novas modalidades de produção e a busca por uma produção sustentável. O objetivo deste trabalho foi verificar até onde os assentados do Assentamento Oziel Pereira, Remígio, Paraíba avançaram no que se refere à percepção e reflexão sobre uma produção agropecuária sustentável baseada não só no uso de técnicas concernentes a transição agroecológica como as relações de ancestralidade no recebimento e transferência de conhecimentos, além de aspectos referentes à segurança alimentar; segurança forrageira; armazenamento de grãos; consórcios; controle natural de pragas e doenças e associativismo entre outras ações. Utilizou-se uma metodologia descritiva e questionários com roteiros semiestruturados com 21 assentados e assentadas. Foram detectados processos e ações inerentes a discussão agroecológica tais como os avanços na preservação e continuidade de parte do modo de produção ancestral; o uso de consórcios; a diversidade da produção; o uso de biofertilizante e caldas naturais; os intercâmbios; a guarda das sementes para consumo ou plantio; a participação em feiras agroecológicas e o associativismo. Não houve, entretanto, dados mais positivos sobre segurança forrageira para os rebanhos havendo necessidade de uma intervenção maior neste sentido, para uma maior efetividade no que tange a produção de insumos forrageiros a partir de bancos de proteína e de energia como também, a dependência de assistência para projetos produtivos são indícios de não empoderamento que é uma fator crucial para a construção agroecológica.