Muitos autores produziram grandes obras tratando do sofrimento ocasionado pelas condições de vida advindas da seca nordestina. Existe, inclusive, uma gama de cordéis e canções produzidos com o objetivo de retratar o sofrimento do sertanejo em meio ao caos gerado pelo fenômeno natural. Autores como Graciliano Ramos, Terezinha Figueiredo, entre outros falam sobre esse mal, aquele no romance e esta em suas crônicas. A sensibilidade humana não permitiria que esse assunto tão denso e, por vezes, triste passasse despercebido diante dos olhos daqueles que por muitas situações já passaram, desde seu nascimento até a morte, em relação a esse quadro desolador, sob a sina da seca. O poema “Eu plantei em janeiro o meu roçado, mas a chuva faltou, fiquei sem nada” é composto por seis estrofes com dez versos cada e rimas intercaladas, como se fosse uma canção. O eu lírico fala de si, dos problemas encontrados ao longo dos seus dias para lidar com a vida de trabalhador nos chamados roçados do nosso nordeste. Ele descreve, em uma espécie de narrativa, a luta com a plantação e as dificuldades encontradas por culpa da seca. O próprio título já nos sugere o conteúdo do poema, o clima de expectativa que os sertanejos geram nas estações que preveem chuva, porém elas não chegam e quando resolvem vir são insuficientes. Nosso trabalho, portanto, tenta dar conta de uma sugestiva análise acerca de um poema de Carlos Severiano Cavalcanti, autor paraibano nascido em Campina Grande, pertencente ao livro A gênese do tempo, publicado em 2008.