O presente trabalho nasceu através de inquietações sobre a adaptabilidade do ser humano ao meio geográfico, sobretudo em condições adversas, como é o caso do semiárido nordestino. No município de Exu, no alto Sertão pernambucano, no topo da chapada do Araripe, uma iniciativa tem chamado atenção, o caso da modificação do sistema produtivo na localidade rural da Serra dos Paus Dóias, que antes era baseado na produção de mandioca, e foi gradativamente substituído pelos métodos Agroflorestais. Desta forma, buscamos analisar como esse novo sistema produtivo na Serra dos Paus Dóias se adapta ao ecossistema da caatinga, no qual está inserido. De como espécies antes praticamente sem aproveitamento econômico ou nutritivo passam a ser importantes na cadeia produtiva. O trabalho destaca também, a importância das políticas públicas de convivência com o Semiárido, sobretudo os projetos de construção de Cisternas de placas (O Projeto 1 Milhão de Cisternas – P1MC – e o Projeto Uma Terra e Duas Águas – P1+2) na construção e manutenção de todo o complexo produtivo desta região. Foi necessário identificar, portanto, as estratégias de produção agrícola, que passaram a utilizar o método Agroflorestal, antes considerados “estranhos” pela população local e também foi necessário caracterizar o processo de beneficiamento da produção, fortalecido por outra política pública, que foi a construção de uma Agroindústria pelo Projeto Dom Hélder Câmara. Assim, esse trabalho ressalta a possibilidade de uma harmoniosa coexistência entre homem e meio, mesmo sob condições naturais hostis, como é o caso das sucessivas estiagens prolongadas no sertão nordestino, é possível o uso racional de tecnologias e estratégias que permitem a reprodução humana nessas circunstâncias.