O principal objetivo deste trabalho é o de analisar as reportagens do editorial Folha de São Paulo (FSP)partindo de uma perspectiva teórica cujo foco é crítico-analítico. Para tal finalidade utilizamos uma metodologia qualitativa adequada àquilo que pretendemos analisar, ou seja, a forma como o editorial FSP busca legitimar o processo de existência de uma crise hídrica numa dimensão universalista e naturalista, ao tentar desvinculá-la de um processo de construção social, no qual o campo técnico configurasse como panaceia à crise construída, no instante em que ofusca o papel político do processo. Feita tal tarefa por meio das diferentes variáveis, chegamos às seguintes conclusões apresentadas aqui de maneirasintética: a) existência de dificuldades do editorial FSP em debulhar máscaras ideológicas da existência de uma crise hídrica construída por um prisma político; b) encaminhamento de uma leniência no sentido de culpabilizar o consumidor residencial e abonar as ações do Estado na sua justificativa perante à anunciada crise hídrica; c) relativa omissão em dar evidência quanto ao empoderamento financeiro da SABESP no período do racionamento; d) e a legitimação da chamada crise hídricasem a ocorrência de necessidade de um uso racional dos recursos hídricos com o aval dos especialistas por ela contratados e seus veredictos para ratificar a ordem do problema da “falta de água” no país que detém a maior quantidade de água doce no mundo e que se vê obrigado a fazer uso racional da água.