A assistência ao parto está entre os temas em destaque no bojo das discussões sobre humanização na saúde e, apesar de todas as iniciativas legais e da sociedade, continua sendo um grande desafio, tendo em vista a hegemonia do paradigma biomédico que norteia as práticas em saúde no ambiente hospitalar. Para Davis-Floyd (apud MAIA, 2010), a real e efetiva ruptura com a lógica tecnocêntrica acontece a partir no modelo holístico de atenção à saúde, o qual está legitimado, no âmbito do SUS, pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Dentre as abordagens de cuidado integrativo, destacamos a Análise Bioenergética como modelo terapêutico cuja ideia central é de que o que ocorre no corpo acontece na mente e vice-versa, compreendendo o homem em sua integralidade e cujo objetivo é possibilitar a reconexão com o próprio corpo, a expansão da saúde e o prazer de viver (ALVES, 2007; LOWEN, 1982). Considerando que a transferência do parto domiciliar para o hospital desencadeou um processo alienante da mulher em relação ao próprio corpo e diante da complexidade da vida contemporânea, faz-se necessário repensar a atenção às parturientes, buscando um cuidado pautado num olhar holístico, facilitador da integração da mulher com suas demandas internas, inerentes à parturição (BIO, 2015). O objetivo deste trabalho foi analisar como os fundamentos da Análise Bioenergética podem contribuir para a efetivação da assistência humanizada ao parto. Trata-se de um Relato de Experiência, fundamentado teoricamente e baseado em evidências coletadas através da Observação Participante. A partir desse estudo, pode-se compreender que os conceitos de respiração, toque terapêutico e grounding, fundamentos básicos da Análise Bioenergética, possibilitam à parturiente maior consciência dos movimentos internos próprios do trabalho de parto, dirimindo fantasias, reduzindo as expressões de medo e estresse e facilitando um parto mais amoroso e menos traumático. Com este trabalho, não se pretende contrapor a abordagem da Análise Bioenergética a outros modelos de atenção, mas aponta-la como possibilidade e caminho para uma práxis alinhada às diretrizes que norteiam a assistência efetivamente humanizada ao parto.