Esse trabalho analisa algumas condições necessárias a um processo de produção do conhecimento do vivo e do vívido, a partir de um diálogo entre as obras de Wilhelm Reich e Baruch Spinoza. Os problemas constatados por Reich relacionados às teorias e práticas terapêuticas evidenciam questões que se fazem contemporâneas em respeito à formulação adequada de problemas em um campo de análise e de intervenção. Ao considerarmos o corpo no campo de análise, a noção de problema se coloca para além das reduções lógico-epistemológicas e estabelece-se que o problema é sempre de ordem corporal. É no corpo que se tem origem a formulação do pensamento, a partir do conhecimento sensível obtido mediante as sensações. O conhecimento do incerto e do móvel e não do fixo e categorizável, apenas se torna possível por meio de um estado de indiferenciação e de comum entre aquele que conhece e o objeto a ser conhecido. Buscar-se-á introduzir a problematização do corpo intensivo e extensivo no campo de análise e, igualmente, da união mente-corpo, princípio fundamental do pensamento de Reich e Spinoza. O tema dos afetos é abordado a partir das variações intensivas do corpo e de sua indissociabilidade com o pensamento. O conceito de potência na obra dos autores torna-se, portanto, uma peça-chave ao problema do conhecimento, assim como o papel das marcas ou traços impressos no corpo por meio dos encontros que constituem modos de agir, sentir e pensar. Mediante a pesquisa bibliográfica, verificou-se pontos de convergência entre o pensamento dos autores, que auxiliaram a compreensão de um método sensório-corporal, com atenção aos afetos, que pudessem orientar o terapeuta ou praticante de técnicas de saúde, a operar adequadamente com o caso ao qual pretendem tratar.