A PNPIC é resposta institucional – do governo à recomendação da OMS pela institucionalização de política nacional - e social – por conta da crescente necessidade social de diversificação da assistência a saúde, expressa principalmente nos espaços de controle social (BRASIL, 2011; BRASIL, 2015a). A institucionalização da Política, marca a abertura e valorização de sistemas e métodos de cuidados não biomédicos, além de ampliar a possibilidade do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) escolher qual forma de cuidado deseja para si. Passada a etapa de institucionalização da PNPIC no SUS, introduz-se novos desafios para a gestão, alguns deles listados pela OMS. Como exemplos, têm-se a necessidade de: 1. Estudar a utilização das PIC, em particular suas vantagens e riscos no contexto da história e cultura local; 2. Analisar os recursos nacionais para a saúde, entre eles o financeiro e humano; 3. Promover o acesso equitativo à saúde e à integração das PIC no sistema nacional de saúde (OMS, 2014). Destaca-se a importância de se re/conhecer os recursos humanos em PIC e produzir a integração à vida cotidiana do SUS. Trata-se de estudo quantitativo descritivo de caráter observacional do tipo transversal. Sendo o público alvo, os 3.425 trabalhadores da assistência da atenção básica da rede municipal de saúde do Recife, com questionário fechado que abarca os seguintes questionamentos: perfil sociodemográfico; conhecimento e uso das PIC; uso das PIC no cotidiano de trabalho; PIC presentes no cotidiano de trabalho; interesse de formação e implantação das PIC no âmbito municipal. Comparando as PIC investigadas, observamos maior prevalência das Plantas Medicinais, quanto ao uso para si (48%) ou para família (28%), apareceu também como mais prescrita (61%) e mais conhecida (67%). A PIC mais recomendada foi o Reiki (61%) e mais desconhecida o Tui-ná (84%). Uma parcela de cerca 16%, responderam atuar com PIC, destaque novamente para as Plantas Medicinais. Dentre as dificuldades relatadas estavam: “Falta de conhecimento, preconceito e falta de estrutura”; “Não tem espaço e nem tempo disponível na unidade e salas”; “Falta de recursos materiais e apoio da gestão”. Tais dificuldades são freqüentemente referidas na literatura (SOUSA, 2004; TEIXEIRA, 2007; BRASIL, 2009; SANTOS & TESSER, 2012; SOUSA, 2012). Concernente ao interesse de formação, cerca de 20% dos participantes desejavam ter formação em Acupuntura, seguido de 10% em Yoga ou Fitoterapia (Quando somada a Plantas Medicinais e Fitoterapia, o percentual 15%). Quando questionados sobre quais PIC desejariam que fossem implantadas na PMPIC, fazemos o destaque para a Acupuntura que é indicada por cerca de 20%. Os dados nos informam sobre a necessidade de divulgação dos benefícios das PIC para o cuidado do sujeito, arrebatando sorrateiramente os mitos associados ao tema. Os dados comunicam-nos, ainda, mais duas questões: 1. A relevância do investimento em formação na área; e 2.a presença informal e desorganizada das PIC nos serviços públicos de saúde.