Uma relevante capacidade leitora é a construção de inferências, procedimento fundamental à compreensão e que pode ser fomentado desde os anos escolares iniciais, pela leitura compartilhada de textos literários infantis, especificamente daqueles apresentados apenas através de imagens. Nestas, como nem tudo está explicitado, é demandada do leitor uma participação muito ativa na compreensão e no preenchimento dos brancos textuais, e a construção de deduções decorrentes do estabelecimento de relações entre as pistas do texto e os conhecimentos prévios. No processo de partilha da leitura dessas narrativas, destacam-se as perguntas inferenciais dirigidas pelo mediador às crianças, auxiliando-as a atingir os implícitos dos textos e a, efetivamente, compreendê-los. Neste trabalho, com base nos estudos de Salisbury e Styles (2013), Paiva e Ramos (2016), Souza, Neto e Girotto (2016), Brandão e Rosa (2010; 2016), entre outros, objetivamos refletir sobre a relevância da leitura de narrativas visuais para incentivar a construção inferencial e a formação leitora na escolaridade inicial, o que fazemos a partir da caracterização da narrativa visual “Não!”, do autor David McPhail, e da sugestão de como explorar a sua leitura com perguntas de natureza inferencial que favoreçam a construção da compreensão pelos novos leitores.