Este artigo visa refletir sobre as maneiras como as mulheres idosas negras da Comunidade Caiana do Crioulos – PB desenvolvem uma vida ativa em suas atividades cotidianas, tanto trabalhistas quanto culturais. A comunidade quilombola de Caiana dos Crioulos, localizada na zona rural no município de Alagoa Grande – brejo da Paraíba, distante 125 quilômetros de João Pessoa, reverencia e preserva a cultura dos antepassados através do canto e da dança. O objetivo desse trabalho foi identificar através da participação em práticas de cura e atividades lúdicas como a ciranda, que as mulheres negras da terceira idade da comunidade quilombola são protagonistas na construção do processo de otimização das oportunidades de saúde e participação com vistas à melhoria da sua qualidade de vida. A pesquisa nos proporcionou um enveredamento pelos marcos da História Oral na qual buscamos estabelecer no interior dos discursos construídos pelas entrevistadas, as principais questões que fazem parte do universo das atividades culturais, identificadas através das práticas tradicionais de saúde; do lúdico, jogos e brincadeiras; da ciranda e coco de roda. A metodologia empregada permitiu que a diversidade do aspecto social da comunidade e as diferentes inserções individuais emergissem a partir da identificação dos lugares e dos guardiões de memória. Para a concretização da fase empírica, iniciamos com a realização das entrevistas com as mulheres idosas entre 60 e 90 anos, para registrarmos através da memória os momentos de representatividade da sua infância, identificando os jogos e brincadeiras que eram praticados, assim como sua ativa participação nos eventos atuais. Além das entrevistas fundamentadas na historia de vida das mulheres mais velhas, também fizemos uso das observações participantes no quilombo. Portanto, observou-se que o papel social dessas mulheres é de grande significado no contexto da comunidade, pois, estas mostram que o envelhecimento pode propiciar uma qualidade de vida ativa mesmo em condições adversas de vida, visibilizando em suas histórias de vida, nas narrativas sobre a comunidade e as tradições preservadas por elas, fazendo do seu cotidiano um processo dinâmico de construção social e cultural, como também mostrar que as falas destas se constituem um acervo histórico vivo, na qual as narrativas são tomadas como arquivos e fontes orais. Destaca-se também sua atuação na comunidade enquanto líder, parteiras, agente de saúde, rezadeiras e geradoras de fonte de renda, uma vez que as mesmas são protagonistas numa sociedade excludente em relação à participação da mulher negra, especificamente em comunidades rurais conhecidas como quilombola.