Paciente A.L.F., do gênero masculino, 67 anos de idade, deu entrada no Hospital de Emergência e Trauma Dom Luís Gonzaga Fernandes, situado na cidade de Campina Grande-PB, proveniente de Barra de Santana no mesmo estado, vítima de acidente botrópico. Apresentando episódios de vômitos, dispnéia, hipertensão, P.A. = 200 x120 mmHg, mal estar, cefaléia, dor no local da picada (dedo da mão) com edema (4+/ 4+) e equimose local. Foi avaliado pelo médico e pela equipe do Ceatox-CG, sendo medicado de acordo com o protocolo para acidentes botrópicos graves: 15 ampolas SABC (em razão do SAB está em falta na farmácia), 500 ml SF 0,9%, e pré-medicação a base de hidrocortisona e prometazina. Pelo quadro de hipertensão arterial e mal estar, foi prescrito captopril e ondansetrona. Foram solicitados e realizados os exames laboratoriais: hemograma, uréia, creatinina, TC, TS, TGO, TGP. O paciente foi transferido para uma unidade de terapia intensiva intermediária, onde foi monitorizado, sob oxigenoterapia. No final da tarde do mesmo dia, o paciente evoluiu para um acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH), sendo transferido para UTI. Após avaliação neurológica, foi recomendada uma intervenção cirúrgica, a qual foi realizada para correção do hematoma parenquimatoso e hidrocefalia causada pelo AVCH. Foi instalada no paciente uma derivação ventricular externa (DVE - sistema fechado de drenagem usado em procedimento neurocirúrgico), mas o quadro não foi revertido, levando o paciente ao óbito. O maior agravante foi o fato do paciente já ser hipertenso, fator de risco já comprovado na origem do acidente vascular cerebral, associado ao tempo decorrido da picada e início da soroterapia, que foi de aproximadamente 6 horas após o acidente. A hipertensão foi um fator determinante no AVCH, sendo a incoagulabilidade sanguínea causada pelo veneno botrópico o intensificador da manifestação hemorrágica não controlada, ocasionando a morte do paciente.Nessa perspectiva, em 2010, o Sistema Nacional de Informações Toxicológicas (Sinitox) notificou 283 acidentes ocasionados por serpentes em maiores de 60 anos. Considerando que o processo de envelhecimento - marcado por alterações fisiológicas básicas, tais como modificação da composição corporal e redução das funções renal e hepática – é fator de risco para complicações nesses eventos, verificar casos isolados pode auxiliar no combate de novos casos e propor ações que minimizem tais riscos.