A história da Educação Física passou por diversas tendências de movimento, como o higienismo, militarismo esportivismo, e também não poderia deixar de sofrer mudanças em sua área pedagógica, com os movimentos da psicomotricidade, desenvolvimentista, do construtivismo, da crítico superadora, até sua atual concepção conhecida como saúde renovada. Sendo assim, a Educação Física vem contribuindo com as formas mais tradicionais de educar o corpo, e atualmente com o crescimento de inúmeras academias e inovações da área fitness, representando a enorme busca pela ideia de corpo saudável e de uma aparência estética aceitável pela sociedade atual. Paralelo a este quadro, as práticas integrativas foram introduzidas no Brasil na década de 70, sendo considerada a pioneira a antiginástica da autora Thérèse Bertherat. A técnica posiciona-se contra o adestramento corporal, o desenvolvimento de músculos já superdesenvolvidos e a estereotipagem de gestos em prol da instauração de movimentos conscientes e que proporcionem autonomia ao praticante. O objetivo desta pesquisa foi estudar as diferenças das concepções de culto ao corpo proporcionados pela área da Educação Física e da antiginástica. Para tanto, foi realizada uma pesquisa teórica através do levantamento de referências bibliográficas e artigos científicos a respeito da história da Educação Física e também um estudo das cinco obras publicadas pela autora Thérèse Bertherat a fim de contrastar a visão de corpo defendida pela mesma e realizar uma comparação com a visão de corpo proporcionada pela Educação Física atual. Foi evidenciado que o conceito de ginástica ganhou grande repercussão no mundo inteiro. Nos últimos anos aumentaram o número de praticantes de atividade física, e consequentemente os estabelecimentos voltados para a prática de ginástica, musculação, entre outros. Também foi possível extrair que através de pesquisas que objetivavam descobrir qual o motivo para a adesão da pratica da atividade física, o quesito “estética” obteve maior porcentagem. Apesar do aumento dos estudos mostrando os benefícios saudáveis à prática da atividade física, a maioria dos frequentadores de academia o fazem devido ao apelo estético que é extremamente influenciador nos dias de hoje. Bertherat contrapõe esse ideal estético ao afirmar que existe uma falta de preocupação de um olhar mais interior que escute e respeite as necessidades do corpo. Pode-se concluir que a controvérsia de ideal de corpo apresentado pela antiginástica com a finalidade de propor um corpo que não seja estereotipado, e sim autônomo e consciente de seus movimentos, aparenta ser fundamental para que haja o princípio da consciência. Reconhecer que se tem a visão parcial do corpo ao trabalhá-lo de maneira fragmentada, ao invés de observar sua totalidade, seria um caminho para o autoconhecimento. A prática demonstra ser uma possibilidade de obter a autonomia corporal contraponto à influência estética ou outro poder preconizado pela atualidade.