INTRODUÇÃO: A tuberculose (TB) é um sério problema de saúde pública e com profundas raízes sócio-culturais, tendo em vista que os doentes da TB se veem envoltos em diversos outros problemas psicossociais, como o preconceito, o isolamento social, os prejuízos a auto-percepção, dentre outros (BERTAZONE; GIR, 2000; CLEMENTINO, 2009; SOUZA, 2008). Justifica-se a realização deste estudo pela abordagem ainda insuficiente dos aspectos psicossociais da TB e de suas repercussões para a vida do portador, pelos que elaboram as políticas de controle da tuberculose no Brasil. O objetivo desta pesquisa foi analisar reações vivenciadas e referidas por portadores da doença em tratamento em unidades básicas de saúde da Estratégia Saúde da Família do município de Cajazeiras-PB e as repercussões psicossociais das mesmas para tais portadores. MÉTODO: Estudo de campo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa, fruto de um recorte da pesquisa intitulada: Consequências Sociais existentes em portadores de Tuberculose Pulmonar usuários da Estratégia de Saúde da Família do município de Cajazeiras, realizado ano de 2012. Os sujeitos participantes foram todos usuários com diagnóstico de tuberculose pulmonar em tratamento em Unidades de Saúde da Família (USF) urbanas, na época da realização da pesquisa cujos casos foram notificados no Sistema de Notificação de Agravos Notificáveis (SINAN), com idade maior ou igual a 18 anos, lúcidos e capazes de compreender o conteúdo da pesquisa, se enquadrando assim nos critérios de inclusão, perfazendo 8 indivíduos que se concentravam 6 das 12 USFs urbanas existentes no município. Para a coleta foi realizada um entrevista semiestruturada com estes pacientes e os dados norteadores do estudo foram analisados qualitativamente, utilizando a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Alcides Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande, Protocolo nº 159.868, sendo respeitadas as diretrizes da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012). RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao serem indagados sobre como você reagiram após o diagnóstico da doença surgiu a Idéia central de Autopreconceito. Pesquisadores enfatizam que o preconceito que as pessoas percebem existir nos outros não é uma surpresa, pois elas próprias têm esta essa mesma representação da tuberculose, pois ao viverem na mesma sociedade que os demais que o tornam alvo de preconceito, o próprio individuo incorpora padrões, normas e modelos de identidade desta sociedade, o que o conduz à autodepreciação e autopreconceito (SOUZA; SILVA, 2010; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010). Ao serem indagados sobre como as pessoas reagiram ao saber que estes eram portadores de tuberculose surgiu a Idéia central: Preconceito, pois os doentes e familiares estabelecem regras de convivência com o objetivo de evitar o contágio, representadas pela separação de utensílios de uso pessoal, restrição do espaço domiciliar, e do contato físico entre parentes, e tudo isso contribui para aumentar a solidão dos doentes (NOGUEIRA et al, 2011). CONCLUSÕES: Os discursos dos participantes apresentados neste estudo explicitaram o autopreconceito e preconceito, sendo necessário abrir caminho para discussões que abordem o dano social que esta doença acarreta.