De acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde (CIF) proposta pela Organização Mundial de Saúde, a deficiência refere-se às dificuldades encontradas em alguma ou em todas as três áreas da funcionalidade humana, ou seja, alterações das estruturas e funções do corpo, limitações ou restrições à participação, associadas à fatores contextuais, que são os fatores ambientais e pessoais. O ritmo no desenvolvimento das crianças que apresentam algum tipo de deficiência é diferente de crianças típicas, por isso elas necessitam de um acompanhamento multidisciplinar na busca do máximo desempenho funcional possível para sua condição de saúde. Atualmente, o foco da reabilitação procura seguir os princípios da CIF, estimulando os profissionais a adotarem opções de intervenção que não se preocupem exclusivamente em corrigir deficiências físicas subjacentes a problemas funcionais, mas que incluam uma preocupação adicional na maximização do ambiente infantil, sua independência nas atividades cotidianas e sua participação comunitária.
O presente trabalho Trata-se de um relato de experiência vivenciado por alunos participantes do projeto de extensão “Assistência e acompanhamento fisioterapêutico às crianças com necessidades especiais” do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com vigência de dezembro de 2016 a dezembro de 2017, do qual fazem parte 6 alunos da graduação em Fisioterapia que já cursaram a disciplina Fisioterapia Pediátrica sob a supervisão de 3 professoras. Dentre as inúmeras condutas realizadas destacam-se as técnicas de alongamento, posicionamento, estimulação sensorial, mobilização, tarefas e estimulação de marcos motores do desenvolvimento, seguindo os princípios do Método SARAH, que consiste numa abordagem que incorpora a família e o contexto de cada pessoa no processo de neurodesenvolvimento, que utiliza como princípio valorizar o que existe e não o que foi perdido.
Como resultados, atualmente já foram atendidas 11 crianças com diversificados diagnósticos médicos, entre eles Paralisia Cerebral, Paralisia Braquial Obstétrica, Síndrome de Down e prematuridade com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, totalizando até o mês de abril de 2017 cerca de 40 atendimentos realizados. Através das avaliações, relatos dos pais e percepção da equipe pode-se notar que a participação nesse projeto de extensão tem proporcionado um olhar mais crítico e humanizado para as terapias utilizadas nessa população. Fica claro, no contexto atual, que não há mais espaço para intervenções que visem somente à deficiência do paciente, e sim suas reais necessidades e, acima de tudo, suas potencialidades. Atividades como essa promovem benefícios tanto para as crianças, no sentido de explorar ao máximo o potencial de cada uma, para os familiares que se tornam parte ativa do processo desenvolvimento e por fim para os alunos que tem a oportunidade de ir além do que é oferecido no currículo comum do curso e vivenciando uma experiência incrível de trabalho em equipe e integração com a família.