O câncer caracteriza-se por um conjunto de doenças que tem em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos podendo espalhar-se por outras partes do corpo devido sua rápida divisão. Suas causas são variadas, podendo ser internas ou externas ao organismo. Quando maligno, as células tendem a ser agressivas e incontroláveis e quando benigno as células multiplicam-se vagarosamente. Desde o diagnóstico até o fim do tratamento o paciente sofre danos físicos e psicológicos, pois além de submeter-se à procedimentos médicos agressivos, tem sua vida transformada pela presença da doença. Quando o portador do câncer é uma criança não há como não falar na família, uma vez que os danos causados também afetam seus familiares e estes possuem papel fundamental no tratamento e recuperação do paciente. Os sintomas do câncer infantil podem ser confundidos com os de outras doenças comuns na infância, este fato pode retardar a procura por um pediatra e consequentemente dificultar a descoberta precoce da doença. O objetivo deste trabalho consiste na apresentação de vivências possibilitadas a partir do convívio com pacientes diagnosticados com câncer, permitindo a identificação de aspectos físicos e psicológicos que influenciam em seu tratamento e recuperação. O presente trabalho caracteriza-se por um relato de experiência desenvolvido a partir da prática do estágio supervisionado obrigatório realizado na área de psicologia hospitalar no hospital de referência para o tratamento do câncer. Neste período foram acompanhados diversos pacientes com idades variando entre 15 dias de vida e 18 anos de idade. As situações vivenciadas vão desde o acompanhamento da primeira consulta ao acompanhamento e apoio psicológico durante e após o óbito. Desde cedo o contexto hospitalar causa desconforto nas crianças por ser um ambiente de aparência não agradável e que remete a lembranças de procedimentos realizados contra a sua vontade, visto isso o prédio da pediatria passou por uma reforma trazendo aos seus pacientes melhor estrutura e aspectos lúdicos. As patologias mais frequentes foram as leucemias e o osteossarcoma. Boa parte dos casos de osteossarcoma acompanhados durante a realização do estágio resultaram em amputação parcial ou total do membro. Buscando amenizar os efeitos da internação eram desenvolvidas atividades com os pacientes envolvendo jogos, pinturas e em alguns casos atividades relacionadas ao aprendizado escolar. Mais recentemente foi incluído como forma de enfrentamento à hospitalização o Projeto Dodói, buscando fortalecer na criança com câncer a capacidade de sonhar, brincar, desenvolver sua criatividade e humanizar o atendimento nos hospitais. Conclui-se que a relevância dos aspectos psicológicos no processo de adoecimento e a importância do psicólogo no ambiente hospitalar tem sido cada vez mais reconhecida pelos profissionais da saúde. Cabe destacar que dentro do contexto hospitalar o atendo psicológico não se restringe aos pacientes e seus familiares, considerando as características do hospital em que foi vivenciada a experiência, muitas vezes os próprios profissionais necessitam de um atendimento emergencial. Destaca-se ainda a importância da participação da criança no seu tratamento, sendo informada, à seu nível de compreensão, sobre o que diz respeito à doença.