A Reforma Psiquiátrica propõe a transição do paradigma biomédico para o psicossocial convidando a sociedade a acolher em seu cotidiano pessoas com sofrimento psíquico. Em decorrência dos anos de exclusão, apesar das mudanças na assistência em saúde mental, ainda predomina a imagem do doente mental como uma ameaça a sociedade. Esta visão dificulta a execução das novas práticas, assim como o fortalecimento e consolidação das propostas da Reforma. Este estudo teve como objetivo conhecer de que forma a percepção de ameaça se relaciona com a decisão de aderir à Reforma Psiquiátrica. Participaram desse estudo 313 estudantes universitários da cidade de João Pessoa-PB, das áreas de saúde e humanas. Os instrumentos utilizados foram questionário sóciodemográfico, a Escala de Atitudes em Saúde Mental e a Escala de Percepção de Ameaça. Os dados foram analisados com auxílio do SPSS versão 21.0. Os resultados apontaram que os estudantes universitários apresentaram maior pontuação no paradigma psicossocial (M= 4,59; DP = 0,80) e este obteve correlações negativas com a percepção de ameaça fator 1 e 2 (r= -0,36; p<0,001; r=-0,34; p<0,00). Indicando que o nível de adesão a Reforma Psiquiátrica e ao paradigma psicossocial está diretamente ligado a uma redução na percepção de ameaça acerca das pessoas com sofrimento psíquico. Em relação ao paradigma biomédico, este obteve correlações significativas com a percepção de ameaça, nos dois fatores (r= 0,53; p<0,001; r= 0,42; p<0,001). Esse paradigma prioriza a hospitalização, e o afastamento das pessoas com transtorno mental da sociedade, uma vez que são vistos como perigosos e imprevisíveis, uma ameaça à segurança individual e coletiva da população. Espera-se que os achados desta pesquisa contribuam para efetivação da Reforma Psiquiátrica, estimulando a realização de novos estudos e a inclusão da temática nos cursos de formação de forma a proporcionar maior adesão ao paradigma psicossocial que está em conformidade com os preceitos da Reforma Psiquiátrica.