O entendimento sobre a família, sua dinâmica e rede social, tem permitido clarificar o processo de saúde doença em algumas situações que os métodos convencionais de atenção à saúde se tornam pouco resolutivos e insipientes. A equipe da Estratégia de Saúde da Família tem a oportunidade de adentrar ao meio familiar e perceber na intimidade dos indivíduos os aspectos desencadeadores do adoecimento. Isso só é possível quando os profissionais constroem vínculos de confiança, atuam no viés da clinica ampliada e utilizam a visita domiciliar como instrumento terapêutico (VD). Nessa perspectiva, a formação acadêmica em medicina deve aproximar os alunos da operacionalização das ações do SUS e despertar uma visão crítico-reflexiva de como funciona a Atenção Básica como ordenadora do cuidado integra e coordenadora da rede de atenção.O presente estudo se apresenta na abordagem qualitativa do tipo relato de experiência que se desenvolveu no período letivo de 2016.2 durante entre os meses de setembro e novembro de realização das aulas práticas do Módulo de Atenção a Saúde II, no eixo integração, ensino, serviço e comunidade, do curso de medicina da Faculdade Ciências Médicas da Paraíba. As atividades acadêmicas aconteceram no Distrito Sanitário V, João Pessoa-PB no âmbito da ESF. Foram realizadas cinco visitas nos domicílios de famílias adscritas em quatro USF para desenvolver as habilidades de comunicação e aprender sobre o cuidado humanizado e integral na Atenção Básica utilizando das ferramentas leves como: a visita domiciliar, o vínculo de confiança, a construção do genograma, ecomapa familiar e plano de cuidado singular. Além das visitas, no final do período, os estudantes apresentaram às equipes de saúde os instrumentos de avaliação familiar referidos e suas propostas terapêuticas integradas à rede de atenção disponível no município. Essas vivências foram retratadas em diários de campo, no quais o aluno registrava seus relatos com apreciações reflexivas e críticas peculiares dialogando com os aprofundamentos teóricos relacionados aos conteúdos estudados em sala de aula como: comunicação em saúde, classificação da família segundo Tereza Ventura (2004) quanto ao tipo, funcionalidade e ciclo de vida; visita domiciliar: tipos, modalidade de atenção domiciliar, aplicação da escala de risco familiar de Coelho e Savassi (2002); instrumentos de abordagem as familiar; Politica Nacional de Humanização; redes de atenção a saúde; e abordagem centrada na pessoa versos centrada na doença. Dessa maneira, tal experiência acadêmica permitiu aos alunos uma aproximação com as várias maneiras de produzir saúde no âmbito da ESF dando ênfase às tecnologias leves e leves-duras do cuidado integral e humanizado, observando o indivíduo inserido em seu contexto familiar e social. Percebeu-se que o médico da família e comunidade pode atuar efetivamente sobre as necessidades do usuário quando faz uso de ferramentas simples as quais proporcionam confiança com maior adesão ao plano terapêutico proposto, e ainda facilitam a abordagem familiar em um contexto, por vezes, disfuncional e de vulnerabilidade social. Pôde-se ter conhecimento prático sobre o vínculo dos profissionais da USF e os reflexos da abordagem do cuidado na efetividade da visita domiciliar e resolutividade dos problemas da família.