Inúmeras lesões cutâneas causadas por danos físicos, mecânicos e térmicos podem também afetar as funções de outros tecidos, gerando desordens fisiológicas. Alguns dispositivos podem ser desenvolvidos para o tratamento dessas lesões, a partir de vários tipos de polímeros, sendo a quitosana um dos mais estudados. A mesma tem recebido atenção especial por ser biodegradável, biocompatível, praticamente atóxico e, entre várias propriedades, permitir a liberação controlada de fármacos, como por exemplo a indometacina. Esse fármaco tem mostrado bons resultados quando incorporado em dispositivos de quitosana e tem bom potencial de aplicação no tratamento de lesões de pele. Entretanto, ainda não se tem uma definição da sua eficácia da aplicação com a quitosana de maneira isolada e nem na metodologia proposta por este trabalho. Assim, esse estudo teve como objetivo o desenvolvimento de matrizes esponjosas de quitosana e quitosana-indometacina e sua caracterização buscando indícios preliminares da incorporação do fármaco na matriz. Foram preparadas soluções de quitosana 1% e incorporada indometacina, previamente dissolvida em etanol absoluto, numa concentração de 250mg a cada 100mL de solução. A obtenção das esponjas foi feita a partir da liofilização das soluções congeladas a temperatura de -80ºC. As amostras com e sem fármaco foram submetidas a análise macroscópica, teste de perda por dessecação, verificando a diferença de massa da amostra antes e após secagem em estufa a 105ºC até peso constante, resistência química, a partir do repouso durante 24 horas em 250 mL da solução de HCl a 0,2 mol.L-1 e grau de desacetilação, verificada por titulação potenciométrica, após dissolução das matrizes em solução de HCl a 0,1 mol.L-1. Os resultados mostraram diferenças macroscópicas nas esponjas, com modificações mecânicas após incorporação de indometacina. Tais modificações, embora não favoráveis à forma de aplicação podem ser modificáveis por outros excipientes, ainda a serem estudados. O teste de perda por dessecação não mostrou diferenças significativas entre as amostras, estando ambas abaixo de 20% de umidade, indicando um ambiente pouco favorável à incidência de microorganismos. O teste de resistência química mostrou que as esponjas de quitosana não resistiram ao meio ácido, dissolvendo-se, enquanto que as esponjas de quitosana-indometacina perderam a forma de feixes fibrosos e formaram depósitos de partículas de formato variável no fundo do recipiente. Esse resultado sugere a liberação controlada de indometacina pela quitosana, já que o depósito é possivelmente a indometacina, por sua insolubilidade em água. A verificação do grau de desacetilação mostrou diferenças entre as porcentagens de grupos amino livres, havendo mais grupos livres (73%) na amostra sem fármaco do que na amostra com fármaco (42,11%). Essa diferença é sugestiva da ocupação dos grupos amino por ligações com indometacina, o que indica incorporação do fármaco à matriz. Por fim, conclui-se que a caracterização indicou o desenvolvimento de matrizes propícias ao uso tópico e com a incorporação do fármaco. Entretanto, pelo caráter preliminar da pesquisa, são necessários caracterizações mais aprofundadas que identifiquem e quantifiquem a presença do fármaco, além dos testes em meio biológico.