Sabe-se que o paradigma de orientação teórico-prática que prevalece no campo da saúde desde o século XVII até os dias atuais é o biomédico, em que o organismo humano é visto a partir da ótica analítico-mecanicista. Percebe-se que tal paradigma apreende o homem de maneira fragmentada (corpo-mente) e, contrário a ele, ao longo das últimas décadas, diversos são os estudos desenvolvidos que visam uma compreensão nuclear do sujeito adoecido. Aproximando-se tais reflexões ao contexto hospitalar e suas inúmeras especialidades de cuidados ofertados, ressalta-se as relacionadas ao tratamento de queimaduras (caracterizadas como lesões de origem térmica após a exposição ou contato da pele com superfícies quentes, eletricidade, chamas, radiação, líquidos quentes e/ou frios, substâncias químicas, assim como, atrito ou fricção) que muito enfatizam o biológico do sujeito. Destaca-se que tais cuidados, não devem resumir-se a esfera física do paciente, mas sim, perpassar o biopsicossocial deste, levando-se em consideração suas particularidades. Assim, considerando-se a relevância dessa problemática, o presente artigo intenta apresentar e discutir, de forma crítico-reflexiva, o estado da arte de estudos desenvolvidos sobre pacientes que sofreram queimaduras e a atuação de profissionais da área da saúde frente a este público. Para tanto, fez-se uma revisão sistemática da literatura pertinente, publicada entre os anos de 2006 – 2016, da qual fora possível recuperar 13 artigos que referem-se à temática proposta. O material analisado revelou que os pacientes que sofrem algum tipo de queimadura são marcados por dores não apenas físicas, mas também psicossociológicas, e que o trabalho oferecido pela equipe de saúde ao sujeito, necessita ser integral, levando-se em consideração particularidades individuais. Ressalta-se nesse cenário, que o acompanhamento psicológico desses sujeitos, proporciona a diminuição do sofrimento psicossocial que a marca da queimadura deixa, fazendo com que estes ressignifiquem suas imagens corpóreas e deem continuidade ao tratamento tópico da pele. Nota-se que a literatura apresenta-se incipiente acerca da temática nesta pesquisa abordada, esperando-se, nesse sentido, que incite-se com o presente estudo, a publicação intervenções e seus consecutivos relatos de experiência que tratem da temática e deem subsídios para atuações inter/transdisciplinares junto aos sujeitos que não podem ser apreendidos de maneira fragmentada.