O câncer é uma doença de características diferenciadas de outras doenças crônicas uma vez que pode provocar deformidades, dor e mutilação. Cuidar e ser cuidado é a essência do ser humano. O cuidador é um dos tripés dos cuidados paliativos e também deve receber suporte durante o processo da doença, morte e luto. Existem poucos relatos na literatura sobre a especificidade da temática dos cuidadores de pacientes oncológicos, fato que motivou e justifica essa pesquisa a fim de que se possa contribuir com a assistência direcionada a este público. Portanto, este estudo objetivou verificar as repercussões psicológicas em familiares acompanhantes de pacientes acometidos com câncer e identificar como se deu a escolha do cuidador, assegurando assim o respeito à individualidade, principalmente no momento da doença, e um atendimento humanizado e holístico a esses indivíduos. O estudo foi de caráter exploratório com abordagem qualitativa feita a partir do banco de dados do grupo “Amigos do Peito”, que agrega pacientes oncológicos e seus familiares. A amostra consistiu de sujeitos cuja característica era ser o familiar acompanhante de pacientes em tratamento oncológico. Para coleta de dados foi utilizado uma entrevista com roteiro de perguntas semiestruturadas. A interpretação dos dados pautou-se no método de análise de conteúdo de Bardin. A idade dos sujeitos da amostra variou entre 21 e 64 anos com predomínio do sexo feminino, grau de escolaridade ensino médio e renda entre um e dois salários mínimos. Sentimentos como depressão e insegurança foram relatados pelos entrevistados. Considerando que há uma ampla articulação de políticas públicas que visam potencializar o tratamento em domicílio, é preciso que surjam mais estudos sobre o ambiente familiar e os cuidadores nesse contexto. É fundamentalmente estratégico que se trabalhe também com uma oferta de cuidados e de apoio social aos cuidadores que são a mola mestre do cuidado em domicílio. Isso não é meramente pela possibilidade de redução de custos financeiros com as internações desnecessárias, mas é principalmente pelo fato de que o ambiente familiar acaba tendo benefícios que os ambientes hospitalares não possuem. Contudo, é preciso que esse cuidador seja amparado, protegido, fortalecido para exercer bem essa função sem que isso lhe tragar um fardo adicional.