O presente trabalho pretende realizar uma leitura analítica da obra Luanda Lua, da autora surda portuguesa Marta Morgado (2012), com o objetivo de identificar e discutir o modo como se constrói as representações de “família” ao longo da narrativa. O livro se insere numa proposta bilíngue, visto que apresenta uma versão em língua portuguesa escrita e outra em Língua Gestual Portuguesa (LGP). Para este estudo, no entanto, dada as limitações do nosso contato com os sinais da LGP, tomaremos como base, principalmente, a versão escrita e as ilustrações do enredo feitas pela própria autora. A proposta deste artigo surgiu a partir das atividades desenvolvidas na disciplina de Literatura Surda I, do curso de Letras Libras/Língua Portuguesa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e visa contribuir com as discussões em torno da literatura surda para o público infanto-juvenil. Nessa perspectiva, se constituíram como base da análise as pesquisas de Morgado (2011) e Karnopp (2010) sobre Literatura Surda e a pesquisa de Mourão (2012) sobre o processo de adaptação do texto literário no universo das literaturas em língua de sinais.