O envelhecimento é um processo irreversível e inevitável comum a todos os seres vivos, provocado por bases fisiológicas causando alterações que definem mudanças psíquicas, físicas e sociais. Todas essas alterações geram impactos e consequências na vida do indivíduo que envelhece, repercutindo sobrecargas significativas sobre a família à qual são demandadas novas responsabilidades para atender as intercorrências neste ciclo de vida. Além disso, a família não recebe por parte do Estado nenhum suporte para cuidar do seu idoso, de modo que tais mudanças levam, na maioria das vezes, esses idosos ao isolamento social, suscetibilidade a patologias, bem como, ao internamento em instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPI), seja por motivos de conflitos familiares, falta de condições econômicas da família em manter seu idoso em sua residência de origem, ou até mesmo, por decisão do próprio idoso. O presente trabalho tem como objetivo detectar as possíveis formas de vínculos familiares para com os idosos abrigados na ILPI Nosso Lar, bem como analisar a importância da família para os mesmos. Esta foi uma pesquisa qualitativa, sem, entretanto, desprezar a dimensão quantitativa dos dados, haja vista que esta abordagem propõe conexões com o universo das significações, das crenças, dos motivos, dos valores, das atitudes e das aspirações. Logo, constatamos que apesar da institucionalização, o sentimento de pertencimento familiar está presente no imaginário cotidiano de alguns idosos, o que sinaliza que apesar dos obstáculos para a manutenção de tal relação, a função social conferida à família e o valor dado aos vínculos afetivos familiares, torna “natural” o cuidado familiar para com os idosos institucionalizados como responsabilidade central na política de proteção social em que o Estado acaba se desresponsabilizando-se de seus encargos sociais para com a família, deixando-a desamparada para cuidar de seus idosos e poder garantir a continuidade dos vínculos afetivos, evitando assim rompimentos destes vínculos por meio da institucionalização. Concluímos então, que o envelhecimento humano é um processo complexo e multidimensional e que o sentimento de pertencimento familiar torna-se indispensável frente ao ciclo da condição humana no “entardecer da vida”, seja na experiência com o idoso institucionalizado ou não. Pensamos que tal pertencimento deve ser mantido, estimulado e reelaborado, se necessário, para a sua continuidade no intuito de garantir a saúde biopsicossocial dos idosos.