O problema da alteridade atrelado a padrões de escuta, percepção e interpretação musicais, quando se refere ao universo indígena brasileiro, necessita, para que ofereça devido aporte teórico e metodológico ao professor, ser abordado em sua historicidade, ou seja, no percurso das mediações estabelecidas entre indígenas e não-indígenas no tratamento do objeto ao longo dos séculos de contato entre as culturas. Em 2015, na condição de docente do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Uberlândia, fui convidado a participar do I Curso de Especialização em História e Culturas dos Povos Indígenas, da Faculdade de Educação da UFU, ministrando uma oficina teórico-prática que abordasse questões relativas ao ensino sobre a música indígena brasileira. O presente artigo tem o intuito de promover um relato de experiência acerca da oficina, que foi realizada no mês de outubro de 2015, com carga horária de 4h/a, e se orientou, em suas linhas mais gerais, a partir de três premissas: investigar o percurso das mediações, interpretações e apropriações históricas da música indígena brasileira, para a partir de seu estudo vislumbrar possíveis diretrizes a contribuir com os professores em uma abordagem atualizada nos processos de ensino; explorar a utilização de materiais musicais disponíveis no mercado, mas pouco difundidos pelos meios midiáticos e nos ambientes escolares; e contribuir para o intercâmbio entre os saberes acadêmicos e os saberes indígenas, e o reconhecimento dos mestres das tradições populares brasileiras como docentes do Ensino Superior, através da participação do indígena Abrão Ahopowe Tsiwari, da etnia Xavante, como co-ministrante da oficina.