Este trabalho é resultado da disciplina “História Social da Mulher” oferecida pelo Departamento de História da Universidade Federal do Mato Grosso. A proposta de estudo surgiu a partir do interesse em estudar o assunto que se tornou um fenômeno no último ano a partir da explosão de coleções intituladas por “moda sem gênero”. Esse boom se deve ao fato de grandes nomes da moda terem apresentado peças direcionadas tanto para homens quanto para mulheres nas semanas de moda internacionais. Nos sites e blogs direcionados ao assunto muito se fala sobre a moda estar quebrando padrões de gênero, afirmando isso como algo positivo e reflexo das definições entre sexo e gênero que tem sido discutidas no campo epistemológico. Para apreciação do assunto foi realizada uma revisão de literatura norteada pelos estudos de gênero e pós feminismos por meio da qual algumas problematizações a respeito do assunto foram possíveis. A partir das análises feitas com as leituras de Bento, de Haraway, de Louro e de Butler o caráter “revolucionário” da moda dita “sem gênero” é posto em cheque, ao passo que conclui-se que a proposta em questão ainda não corresponde aos estudos que se propõem a pensar as questões de gênero. No entanto, há que se considerar que novas formas de se pensar o que é ser homem e o que é ser mulher em meio aos referenciais simbólicos da cultura, da mídia e, neste caso, da moda trazem a tona incômodos que por vezes são guardados a sete chaves dentro de armários sufocantes, dando brecha a visibilidade do que geralmente não é visto.