Em um tempo em que a escola busca a especialidade e se compartimentaliza em disciplinas estanques e autossuficientes, a partir de uma prática docente fragmentada e desconectada, é que a interdisciplinaridade evidencia-se como possibilidade concreta de retornarmos à totalidade que é a vida humana. Para tanto, a leitura é o caminho que alinhava essas experiências, sendo o texto literário o instrumento que evidencia o homem e seu sentido histórico, além de disponibilizar conhecimentos significativos para a vida cotidiana. Ainda assim, ler ainda é um caminho controverso, problematizado por questões importantes como o desafio de buscar a leitura frente às novas formas de comunicação de massa, o que fragilizou ainda mais as relações do leitor com a matéria escrita e com o universo social e cultural. Por isso, leitura é uma área de pesquisa cada vez mais frequentada. A prática da leitura assim como a escola são espaços centralizadores de disputas políticas envolvendo diversidade sexual e de gênero e por isso cabe a pergunta: será a sala de aula um espaço legítimo para discussão de gênero e sexualidade? Assim, este artigo propõe reflexões acerca do ato de ler, a partir de questões sobre corpo, identidade e sexualidade, em especial, apresentando aos alunos o conto O pequeno monstro, de Caio Fernando Abreu. A questão é: de que maneira ler pode ser uma atividade relevante ao abordar a temática da sexualidade e como o texto literário pode problematizar essas questões, ainda tão controversas, em um espaço “assexuado” como quer ser o espaço escolar?