No Brasil, as políticas públicas asseguram ao Surdo, desde a educação infantil, o direito ao acesso à educação por meio da Língua Brasileira de Sinais-Libras como primeira língua (L1) e da Língua Portuguesa como segunda língua (L2). Entretanto, nem sempre se leva em consideração que esse sujeito vai aprender a ler e a escrever uma língua que ele não fala com fluência, já que se trata de uma língua oral-auditiva, portanto ele não a adquire de forma natural. Além disso, muitas vezes não se considera que o processo de alfabetização e letramento do Surdo tem especificidades, pois não há compatibilidade entre os sistemas de representação linguística da L1 com a L2. Outro aspecto importante é que o Surdo utiliza predominantemente a visão para perceber e compreender o mundo, diferente dos ouvintes que têm a audição como canal principal de informação. Assim, este artigo tem como objetivo investigar o conhecimento dos professores de salas regulares bilíngues para Surdos sobre as especificidades no processo de alfabetização e letramento de crianças Surdas. Este estudo foi realizado em três salas regulares bilíngues de três escolas públicas da rede municipal de ensino da cidade do Recife. Participaram deste estudo três professoras bilíngues. Os dados foram coletados mediante uma entrevista semiestruturada com as professoras participantes da pesquisa, e revelaram que todas as participantes são fluentes na Libras, entretanto, apesar de apresentarem um bom conhecimento sobre os princípios da educação bilíngue para Surdos, nem todas conhecem as especificidades que envolvem o processo de alfabetização e letramento de crianças Surdas, necessitando, assim, de formação continuada na área para melhor compreensão das peculiaridades que envolvem a educação escolar de crianças Surdas.