A literatura pedagógica que versa sobre escolha profissional pela docência dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental evidencia que os sujeitos desta profissão são oriundos, em sua maioria, de famílias pobres e em situação de risco social, com predominância de mulheres, haja vista o fenômeno sociocultural e político de feminização do magistério. Expressões como falta de oportunidade e lógica de destinação profissional são comuns a estas pesquisas, implicando num quase determinismo de classe e de gênero. Este estudo busca problematizar a escolha profissional pela docência na medida em que, se utilizando das noções de liberdade em Sartre (2012) e da responsabilidade ética dos atos, proposta por Bakhtin (2013), discute o processo de escolha profissional, atribuindo intencionalidade ética ao ato de ingressar no magistério. Utilizou-se das histórias de vida, via memoriais de formação, como mecanismo de construção de dados. Participaram do estudo os professores concluintes do Curso de Pedagogia do PROFORMAÇÃO/CAMEAM/UERN, nos anos de 2002 a 2006. A perspectiva dialógica de linguagem em Bakhtin (2004) subsidiou as análises, possibilitando-nos reconhecer o ato de escolha profissional em sua materialidade constitutiva, evitando análises fragmentadas. À luz de Sartre (2012) e Bakhtin (2013), os dados da pesquisa demonstraram que os professores participantes do estudo constroem álibis para não assumir sua liberdade humana, se desresponsabilizando por seus atos, numa atitude que descaracteriza o não-álibi das ações, tendo em vista que estas são sempre intencionais, onde o sujeito deve assumir sua responsabilidade ética.