Na sociedade capitalista percebemos que a educação que deveria ser um direito social, na verdade é vista como mecanismo de valorização do capital e instrumento reprodutor da ideologia dominante. Nesse cenário, a mulher historicamente vem sendo colocada em posição de subalternidade em relação ao homem, abrangendo todas as esferas da vida, com fortes rebatimentos no mundo laboral. Desse modo, percebe-se essa desigualdade entre homens e mulheres sendo reproduzida naturalmente dentro de nossa sociedade, contando com o apoio ideológico de fortes instituições: família, igrejas, mídia e escolas. O artigo que ora apresentamos tem por objetivo analisar os limites e as potencialidades da educação inserida no modo de produção capitalista, bem como refletir acerca da importância da educação para a construção de uma sociedade igualitária e como esta naturaliza uma educação sexista. Para tal, foi realizado um levantamento bibliográfico pertinente ao tema, os (as) autores (as) que embasaram a pesquisa, foram: Andrade (2008), Cisne (2012; 2013; 2014), Pereira (2007), Kergoat (2010), Torres (2013), Souza e Lima (2014) entre outros/as. Foi possível identificar por meio da pesquisa uma disparidade entre a educação prevista na legislação brasileira e a que se materializa no cotidiano escolar, esta é concebida muitas vezes como fonte de lucro e utilizada como um mecanismo para a reprodução da ideologia dominante, em alguns momentos atuando também como reprodutora de desigualdades, preconceitos e opressões. Nesse cenário, é possível observar, que as mulheres são as mais vitimadas pelo sistema, uma vez em que o modo de produção capitalista se apropria da ideologia patriarcal alimentando a inferioridade socialmente construída entre homens e mulheres, transformando as diferenças em desigualdades, estas se manifestam de diversas formas, inclusive na forma de como homens e mulheres são educados e tratados no transcorrer de suas vidas, se materializando através de uma educação sexista que educa homens e mulheres de formas desiguais, em que as meninas em sua infância são incentivadas a brincadeiras ligadas esfera do lar, dos cuidados doméstico e familiar, reforçando o papel de mãe e esposas a serem assumidos por estas, em contrapartida os meninos são impulsionados a brincadeiras vinculadas à aventura, a liberdade, encorajando-os a serem protagonistas de espaços públicos. No que tange ao ambiente escolar podemos perceber os rebatimentos dessa educação sexista por meio dos conteúdos curriculares, em que meninas são incentivadas a se aproximarem das áreas consideradas de humanas e os meninos são impulsionados a área de exatas e tecnológicas, fazendo com que estes sejam desencorajados desde muito cedo a seguirem determinadas profissões, por não estarem de acordo com os padrões estabelecidos para cada sexo, desembocando consequentemente na divisão sexual do trabalho, em que as mulheres são direcionadas a exercerem profissões ligadas ao cuidado, mais desvalorizadas socialmente e os homens as áreas tecnológicas, com enorme valoração social. Problematizar o modelo de educação vigente torna-se necessário e urgente, pois compreende-se que as desigualdades entre homens e mulheres foram construídas socialmente e com uma educação pautada em valores emancipatórios podemos vislumbrar uma sociedade mais igualitária.