Este trabalho visa a refletir sobre a perspectiva oferecida por Helena Parente Cunha acerca das diversas posições ocupadas pela mulher no instituto familiar brasileiro, de modelo burguês. Empreenderemos, para tanto, um estudo bibliográfico e qualitativo voltado para a obra Cem mentiras de verdade (1990), Para tanto traçaremos um paralelo entre a Teoria da Literatura, os Estudos Culturais e a Psicanálise como instrumento trans disciplinar para a consecução deste objetivo de caráter mais amplo, que abarca outras tarefas a ele correlatas e subordinadas, tais como: a descrição do conflito existente, na ficção, entre realidade e projeto interior; a descrição do processo de tomada de posição por parte das personagens femininas a ser analisadas, do ponto de vista do funcionamento das instâncias do aparelho psíquico (KLEIN, 1950; FREUD, 1996); a observação da função da racionalização como principal mecanismo para o equacionamento do conflito entre realidade e projeto interior, rumo a uma tentativa de acomodação contemporizadora com o sistema social dominante, sancionador do modelo familiar; o confronto entre as visões de mundo das personagens femininas.