Nas últimas décadas houve uma explosão discursiva sobre sexualidade e gênero, configurando-se como o reflexo de mudanças sociais profundas, que têm mostrado que a diversidade é multifacetada. Assim, é preciso questionar a suposta naturalidade em que o(s) corpo(s), comportamento(s) e discurso(s) são construídos na nossa sociedade, considerando que ser homem ou ser mulher para o senso comum perpassa pela noção de sistema de gênero inteligível, que consiste em uma concepção binária e heteronormativa, na qual a heterossexualidade funciona como uma norma. Na concepção do senso comum, é como se cada corpo tivesse uma essência, uma morfologia que a ela está atrelada o papel de sexo. Em função disto, este estudo objetivou compreender que visão de mulher impera em folhetos de cordel do século XIX, na tentativa de entender o binarismo cultural que é forjado acerca do universo masculino e feminino nos folhetos de Leandro Gomes de Barros, quais sejam, “Os Martírios de Genoveva”, de 1974, “O testamento da Cigana Esmeralda”, de 1974, e “História da Donzela Teodora”, de 1975. Nessa discussão, o movimento feminista questiona a visão estereotipada sobre a(s) mulher(es) que foi construída, pois era como se a mulher tivesse que seguir um “projeto de vida” já estabelecido. A pesquisa se situa como um estudo em Linguística Queer, área que discute uma proposta analítica da normalização no jogo de identidades. O viés metodológico se realiza através de uma etnolinguística da fala viva, em perspectiva de estudos enunciativo-discursivos.