Considerando o debate sobre a violência de gênero no atual cenário brasileiro, que apresenta a cada ano dados surpreendentes no que tange às mulheres - como principais alvos das refrações desse fenômeno- o trabalho realiza alguns apontamentos sobre o “outro lado da moeda” nos casos da violência perpetrada ao gênero feminino. A pesquisa realizada - durante o período de estágio obrigatório em Serviço Social- no ano de 2014 para obtenção do título de bacharel em graduação de Serviço Social, tem como pano de fundo os relatos de homens apenados por crimes de estupro contra desconhecidas. O trabalho, que prezou por uma abordagem qualitativa se fundamentou em dois caminhos metodológicos a fim de compreender com maior acuidade o fenômeno: análise documental dos apenados, e, participação de atendimentos aos apenados junto ao profissional de Serviço Social da secretaria de administração penitenciária do Rio de Janeiro. Com a anuência de dois apenados, realizou-se anotações sobre suas trajetórias de vida, e a partir disso, pode-se sintetizar as seguintes considerações: a necessidade de abordagens mais críticas sobre a violência sexual, considerando também o agente da ação, retirando-o de uma visão “patologizante” –abordagem que tende a desconsiderar o estupro também como ação construída socialmente - ou seja, se apresentando como fruto aperfeiçoado de uma sociedade patri-viriarcal.