Os grupos minoritários estão se fazendo voz na literatura contemporânea brasileira e mundial, entre os tradicionalmente marginalizados encontra-se a mulher subalternizada corporal e institucionalmente pela sociedade patriarcal sexista. Janaína Azevedo é uma das escritoras que busca desconstruir estereótipos legados à mulher, sejam com relação à conduta ou à sua inserção social. No conto “Dá-me tua mão, ó virgem” a autora rompe com os ideais masculinos/heteronormativos que constroem a imagem do corpo e da conduta feminina. A sexualidade, que se tornou motivo de reprovação e repressão ao público feminino, é apresentada no conto de maneira natural e, principalmente, subversiva, uma vez que, entre outras coisas, sugere uma relação sexual entre uma adolescente e a emblemática, e simbólica, Virgem Maria, figura tradicionalmente aclamada pelos cristãos. A união entre o profano e o sagrado, o gozo e o êxtase, é tema frequente na Literatura e nas demais artes, mas o que chama atenção no texto azevediano é forma com que é narrada e percebida pelas personagens a profunda ligação entre os campos divino e corporal. Nesse sentido, objetivamos investigar como se processa a subversão religiosa/patriarcal e o erotismo no conto “Dá-me tua mão ó virgem” e de que forma esse fato se relaciona com a constituição da subjetividade feminina.