O presente artigo objetiva analisar o processo de construção da identidade feminina a partir das discussões de gênero e dos arquétipos moldados pela sociedade no que diz respeito aos modelos ou padrões impostos. A influência subjetiva e inconsciente do gênero sociocultural propicia interpretações e releituras acerca das personagens no conto “Venha ver o pôr do sol”, de Lygia Fagundes Telles. Raquel e Ricardo vivem um reencontro amoroso/doloroso em que o discurso de um acaba influenciando o outro por meio de fragilidades entre os gêneros. É importante destacar que a construção desse arquétipo não se excogita como algo absoluto e imutável, pois está sempre em formação, ou seja, se modificando e, com isso, o contexto sociopolítico e cultural corrobora para conservar tal imagem. Nessa linha de pensamento, percebe-se a submissão do ser feminino ao ex-namorado. Entretanto, identifica-se uma mulher sagaz e aventureira que figura em uma sociedade ainda patriarcal. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, parte-se da obra fagundiana, bem como aportes teóricos de Casagrande (2011), Jung (2000), Bauman (2005) e entre outros. Percebe-se, em decorrência do exposto, que as personagens carregam consigo uma formação social que lhes foram instruídas, atribuídas, tanto ao gênero feminino como ao masculino.