As mudanças demográficas decorridas nos últimos anos têm provocado o aumento da expectativa de vida e aumento do número de idosos no Brasil, conjuntura que fomenta, cada vez mais, a busca de novas possibilidades para o envelhecimento ativo e saudável, uma vez que o envelhecimento é socialmente estigmatizado, associado a decrepitude e inutilidade. Diante disso, tendo em vista que as práticas de cuidado em saúde estão diretamente atreladas ao entendimento cultural de um povo acerca do processo saúde-doença, bem como seu entendimento acerca de morte e bem-estar, o Brasil emerge com uma pluralidade de registros e heranças culturais tradicionais, que abriram terreno para a sobrevivência de práticas ritualísticas através dos séculos. A benzeção se insere nesse solo, com existência atrelada ao catolicismo popular e às culturas indígena e africana, sendo transmitida através da oralidade entre gerações e sobrevivendo até os dias atuais. Assim, a partir de uma pesquisa de campo com 6 benzedeiras da comunidade Malvinas do município de Campina Grande – PB, o presente trabalho busca fazer um recorte desta, ensaiando encarar a prática da benzeção como possibilidade de deslocar o idoso do lugar social estigmatizado que ocupa na contemporaneidade, na medida em que fomenta a valorização do saber dessas velhas benzedeiras e entende a benzeção como prática que movimenta o desejo das mesmas e, portanto, lhes confere um lugar no mundo, restituído de sentido e utilidade, na prática do bem para o outro.