Atualmente o aumento da longevidade é tido como conquista social. Esse progresso marcou o século XX em âmbito mundial, porém, gerou significativos impactos, alterando assim a perspectiva do atendimento de saúde, com mudanças no perfil epidemiológico e aparecimento de novas demandas para o Sistema de Saúde e para a família. Neste cenário, é observado um perceptível aumento do número da população idosa infectada com Aids. A sexualidade em pessoas idosas é vista pela comunidade, pelos próprios idosos e pelos profissionais de saúde como um tema tabu, carregada de estigma e preconceitos, acarretando atitudes e comportamentos que em alguns casos podem elevar a vulnerabilidade dos idosos. A vulnerabilidade é um construto conceitual, o qual se mostra como ferramenta para auxiliar na compreensão de situações de saúde e seus determinantes.Este estudo pretende identificar os aspectos que contribuem para a vulnerabilidade individual, social e programática das pessoas idosas com Aids. Estudo exploratório de natureza reflexiva, baseado na literatura, buscando identificar e discutir sobre os aspectos que contribuem para a vulnerabilidade social das pessoas idosas com Aids.A investigação bibliográfica desenvolveu-se no período de maio a julho de 2015, na Biblioteca virtual de saúde e no portal periódico CAPES.As publicações selecionadas receberam leitura crítica conforme adoção dos critérios inclusivos: apresentarem como objeto de estudo a vulnerabilidade das pessoas idosas com IST/Aids e exclusivos: trabalhos repetidos. Para subsidiar a discussão, adotou-se a literatura relacionada à envelhecimento, vulnerabilidade e IST/Aids. O modelo de vulnerabilidade que interliga os aspectos individuais, sociais e programáticos reconhece a determinação social da doença e se coloca como um convite para renovar as práticas de saúde, como práticas sociais e históricas, envolvendo diferentes setores da sociedade.Diante os estudos analisados, identificou-se elementos das dimensões individual, social e programática que contribuem para a vulnerabilidade das pessoas idosas com Aids. Percebe-se que mesmo com aspectos sendo especificados em planos separados, a vulnerabilidade da pessoa idosa não pode ser vista de forma única em cada dimensão, mas como uma vulnerabilidade constituída desses três planos. O não reconhecimento das pessoas idosas como indivíduos de direitos sexuais também aumenta a sua vulnerabilidade às IST/Aids, diminuindo as chances de oferta para sorologias com o aconselhamento adequado para o HIV, a sífilis e as hepatites virais, e consequentemente o encaminhamento precoce e oportuno para o tratamento.Tendências mostram que a adoção do conceito de vulnerabilidade contribui para compreensão das situações de saúde, englobando os indivíduos como seres biopsicossociais expostos a distintos contextos que influenciam nos moldes de adoecimento. Tal conceito, auxilia no entendimento dos casos de Aids em pessoas idosas, que se mostram expostas a distintos aspectos de vulnerabilidade nos planos individuais, sociais e programáticos, que, por sua vez, se relacionam entre si e requerem a compreensão por parte de gestores, profissionais de saúde, família e comunidades. Nesta direção, compreender os aspectos relacionados a vulnerabilidade servem para nortear políticas e práticas que devem tornar visível nos serviços de saúde a sexualidade dos idosos, estimulando práticas saudáveis, sem estigmas, contribuindo para uma vida autônoma e que atendam as necessidades dessa população.