Este trabalho quem como objetivo promover reflexões sobre as construções das subjetividades da população negra, em destaque as ganhadeiras do Recife setecentista. É patente que o processo de escravização do povo negro reduziu esses sujeitos ao lugar de dor e sofrimento, fazendo com que fosse criado no imaginário social que tais sujeitos fossem seres indignos de paz, honra, de viver, ter saúde e que não possuíam cultura além de serem marginalizados. A colonização promoveu o genocídio das populações indígenas e afrodiaspóricas, utilizando esses sujeitos como ferramentas de trabalho e abusos. Ao longo dos anos as subjetividades destes sujeitos foram moldadas sobre a influência do discurso eurocêntrico. As mulheres negras ao passo que sofriam com a exploração do trabalho, também eram vítimas de abusos sexuais e por conta de suas condições sociais não eram permitido a elas o direito de levar seus algozes ao justiça. Os destinos destas crianças advindas desses estupros eram variados: servidão junto aos pais, ascensão social mesmo que limitado, abandono, entregue as Santa Casas de Misericórdia ou deixadas nas rodas dos expostos. Cabia então a busca por subterfúgios para a sua sobrevivência. A estruturação do racismo iniciado com a escravização perpassa pelos corpos negros de diversas formas, implicando em diferentes dinâmicas sociais que convergem para uma direção, a morte desses povos. Deste modo é fulcral o debate e revisionismo histórico sobre como os povos afrodiaspóricos mesmo sendo vilipendiados, coisificados e desumanizados por séculos, conseguiram resistir e preservar suas identidades.