O presente artigo apresenta reflexões acerca da constituição de uma prática professoral – didática – que busque trabalhar referências científicas e literárias do planejamento didático referente ao ensino de Química sob a luz da Educação para as relações étnico-raciais, a partir dos saberes ancestrais africanos e da Lei 10.639/2003. Ao pensar nos termos “ancestralidade e ciência” é importante considerar que ambos atravessam os campos científicos e culturais, portanto epistemológicos, desenvolvidos no continente Africano. Processos experimentais estudados na Química enquanto disciplina e ciência, a exemplo dos conteúdos de misturas e seus processos de separações eram estudados pelos africanos desde o século XIV. Para além do planejamento didático, esse trabalho almeja ser aporte para o estabelecimento de diálogos acerca de uma alternativa metodológica que afrorreferencie as práticas didático-pedagógicas no Ensino de Química e também provocar/estimular a (des)colonização dos saberes tradicionalmente vistos em sala de aula os quais, majoritariamente, são referenciados a partir de uma ótica eurocêntrica que estigmatiza e subalterniza os conhecimentos desenvolvidos pelos grupos étnicos não pertencentes a hegemonia branca. A pesquisa em tela possui natureza qualitativa e objetiva analisar o processo de produção e aplicação de um planejamento didático afrorreferenciado no Ensino de Química em uma escola pública estadual, localizada no município de Macau/RN, promovendo a inclusão da pluralidade, da diversidade e da diferença no que tange às referências intelectuais da área. Para embasar e auxiliar as discussões que aqui se assentam, tomou-se como arcabouço teórico, obras de autores/as como Benite e Amauro (2017); Chagas (2017); Cunha Junior (2001); Benite et al (2018) entre outros/as. A presente pesquisa elucidou que, ao romper com a hegemonia branca no que concerne à construção da episteme de Química, preconceitos e estigmas são desconstruídos e constitui-se um caminho para efetivação da Lei 10.639/03 no chão da escola.