Atualmente, observamos uma visão do professor socialmente construída a partir de estratégias de desinformação, promovidas pela Pedagogia do Capital. Perspectiva incorporada em alguns documentos parametrizadores da educação, que buscam configurar o professor como instrutor. Diante disso, apontamos a necessidade de uma formação que conceba o professor como um agente de letramento. Este trabalho tem por objetivo analisar criticamente o papel do professor na educação, evidenciando a mitigação de seu fazer, conforme apresentado em documentos oficiais, por exemplo, a Base Nacional Comum de Formação de Professores da Educação Básica (BNCF). Metodologicamente, o estudo se insere na Linguística Aplicada (Kleiman, Vianna e De Grande, 2019; Moita Lopes, 2022; Alencar, 2022). Considerando seus objetivos, esta pesquisa é de natureza bibliográfica e exploratória, cujos dados são aqui analisados em uma abordagem qualitativa e interpretativista, a partir dos fundamentos teóricos da Pedagogia Crítica de base freireana, utilizados para analisar o fazer docente (Freire, 2021a, 2021b, 2020, 2011, 2009, 1978); Freire e Shor, 2021; Giroux, 2022, 2021, 1997, 1983a, 1983b; e McLaren, 2007). Além disso, dos Estudos do letramento, assumimos as concepções de letramento e de agente de letramento (Kleiman, 2006, 2005, 1995). Sobre o neoliberalismo e a educação, recorremos a Apple (2005), e Mészáros (2008). Por fim, lançamos mão de alguns documentos normativos (Brasil, 2021, 2020, 2019, 2011). Os resultados apontam que, nos documentos oficiais normativos da educação brasileira (BNCF), ocorre o processo de redução categorial do professor à condição de um mero instrutor, quando a este caberia, de forma mais apropriada, exercer na sala de aula da educação básica o papel de um agente de letramento (Kleiman, 2006).