A sociedade é remodelada pela revolução tecnológica que imprime transformações, dentre outras, na base produtiva, no mundo do trabalho e nas relações sociais. O artigo objetiva analisar o papel das relações entre oralidade, memória e espaço público para sobrevivência do hábito cultural das conversas nas calçadas de um município centenário do Seridó Potiguar. Para o desenvolvimento da pesquisa recorre-se as discussões de cultura e ethos comunitário em Geertz (1989), a noção de solidariedade em Durkheim (2004), a noção de pedaço em Magnani (2002), a questão da construção da realidade social em Berger e Luckham (1979), habitus em Bourdieu (2009), o entendimento sobre comunidade em Tonnies (1973), relações casa e rua em Damatta (1985), a oralidade em Cascudo (1984), a conversa em Simmel (2006) calçada em Turner (1974) e Jacobs (2000); memória e narrativa em Le Goff (1996) e Benjamin (1994). Este estudo se localiza dentro da abordagem qualitativa e no âmbito da pesquisa narrativa de cunho (auto) biográfico a partir de Ferarroti (2010), Delory-Momberger (2011; 2012), Bruner (2002), Larossa (2002), Passeggi (2008); realizada sob orientação da perspectiva compreensiva-interpretativa das narrativas a partir de Souza (1996). No caso específico são utilizadas duas fontes: levantamento bibliográfico e a realização de entrevista narrativa. Os resultados do estudo apontam para as discussões acerca da calçada, espaço mediador, das relações entre a casa e a rua, lugar onde é tecido o hábito cultural das conversas no pequeno município centenário.