A medicalização de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na fase de alfabetização é um tema complexo e controverso que merece nossa atenção. O TDAH é frequentemente diagnosticado em crianças em idade escolar, especialmente durante a fase de aquisição da leitura e da escrita, devido aos desafios que esses indivíduos enfrentam no ambiente educacional. No entanto, a tendência de medicar essas crianças com psicoestimulantes, como o metilfenidato, para controlar os sintomas do TDAH tem sido objeto de debate, afinal o Brasil é o 2º país do mundo que mais consome Ritalina (nome do medicamente mais utilizado para tratar casos de TDAH) e o aumento de diagnósticos de crianças com TDAH tem aumentado de maneira exorbitante. Embora esses medicamentos possam oferecer alívio dos sintomas de desatenção e hiperatividade, há preocupações sobre os efeitos a longo prazo e os possíveis impactos na saúde física e mental das crianças. Além disso, a medicalização do TDAH quando a criança está aprendendo a ler e a escrever pode obscurecer questões subjacentes, como dificuldades de aprendizagem inerentes da criança ou ambientais – como os próprios métodos de alfabetização -, que também podem contribuir para os sintomas apresentados pela criança. Portanto, é crucial adotar uma abordagem holística e multidisciplinar ao lidar com o TDAH na fase de alfabetização, que inclua intervenções educacionais, psicológicas e comportamentais, além de considerar cuidadosamente o papel e o uso de medicamentos no tratamento dessas crianças. Priorizar estratégias não medicamentosas, como adaptações educacionais, suporte emocional, envolvimento da família em mudança de hábitos com relação ao uso de telas e hábitos alimentares pode oferecer benefícios significativos no desenvolvimento acadêmico e social das crianças com TDAH, promovendo uma abordagem mais abrangente e centrada na diversidade como ponto de partida para a inclusão.