O presente artigo apresenta parte da pesquisa de doutorado em curso, intitulada “PEDAGOGIAS INSURGENTES: uma análise sobre a inserção das perspectivas decoloniais nas políticas de formação docente na cidade de São Paulo durante a gestão Haddad (2013-2016)”, desenvolvida no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. O texto apresenta um olhar sobre as ações de formação docente desenvolvidas pela Diretoria Regional de Educação do Campo Limpo (DRE-CL) - uma das 13 divisões administrativas que coordenam a implementação de políticas educacionais no município de São Paulo -, ao longo da gestão do prefeito Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores). No período analisado, observa-se que a DRE-CL coordenou uma série de ações formativas com o objetivo de desafiar concepções curriculares pautadas no conhecimento branco-ocidental. Essa intenção decorre da aproximação das/os servidoras/es que coordenavam os processos de formação docente com as perspectivas decoloniais. A partir da leitura dos dados e documentos produzidos no período, observa-se que o estudo e a apropriação de tais perspectivas fundamentam uma das principais intencionalidades da equipe que compunha a DRE-CL: dar visibilidade aos conhecimentos produzidos pelas comunidades periféricas daquela região, trazendo para o currículo suas marcas estéticas e identidades, considerando a predominância da presença negra no território. Como tem sido possível perceber nos resultados parciais da pesquisa, o alinhamento com as perspectivas decoloniais constituiu uma forma de metodologia para a implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08, mobilizando diversas escolas, profissionais da educação, frentes e coletivos do território, desdobrando em uma série de ações que até hoje decorrem desses processos formativos, o que revela a potência dessa abordagem.