Artigo Anais do X Congresso Nacional de Educação

ANAIS de Evento

ISSN: 2358-8829

CRUZADAS DO SÉCULO XXI: AS INTERFACES ENTRE O RACISMO E A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA CONTRA OS POVOS DE TERREIRO NA REGIÃO METROPOLITANA DA CIDADE DO RECIFE/PE

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Publicado em 08 de novembro de 2024

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo analisar as notícias publicadas no ano de 2023 sobre os casos de racismo e intolerância religiosa em um dos principais jornais eletrônicos da Região Metropolitana do Recife (RMR), o Diário de Pernambuco. Como pergunta norteadora buscamos compreender o porquê dos terreiros estarem perdendo espaço nas periferias brasileiras. Historicamente, as periferias são o berço das religiões afro-brasileiras, pois foram esses os locais de refúgio ocupados pelos negros libertos das senzalas no período escravista. O redesenho das periferias se deu a partir da ascensão da 3ª onda Neopentecostal no Brasil. A avalanche Neopentecostal nas comunidades periféricas causou o aumento de conflitos com os praticantes das religiões afro-brasileiras e consequentemente o enfraquecimento desses segmentos religiosos nessas localidades. A proliferação através dos meios de comunicação de alguns ideários como a Teoria da Prosperidade e a guerra espiritual contra o Diabo disseminou discursos intolerantes e racistas direcionados às religiões afro-brasileiras, assim, desencadeando o cenário de violações vivenciadas pelos povos de terreiro nas periferias. Para o levantamento das notícias pesquisamos dois termos-chave no site do jornal: intolerância religiosa e racismo religioso. Mapeamos 22 notícias publicadas em 2023 e elencamos três categorias para análise das reportagens: análise de relatórios e leis sobre intolerância; divulgação de ato ou caminhada religiosa e relato caso de intolerância religiosa. Dessa forma, concluímos que o reconhecimento das leis que punem as violações aos povos de terreiro ainda não é o suficiente para que os casos de intolerância religiosa deixem de acontecer. Para além da promulgação de aparatos legislativos, se faz necessário o desenvolvimento de políticas públicas complementares de conscientização e promoção da cultura afro-brasileira que poderão, a longo prazo, modificar esse cenário. Ainda, torna-se importante salientar que nem todos os casos são notificados e muito menos viram notícias nos jornais.

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