O presente texto tem como objetivo promover uma discussão sobre a formação para o ensino médio, tendo como contexto os discursos político-curriculares pós reforma educacional dos anos 1990. Particularmente, foca-se na abordagem que estabelece o currículo baseado em competências como o paradigma para a formação humana. Este modelo posiciona a instituição escolar como uma instância fundamental para atender às necessidades de formação demandadas pelo mercado de trabalho, conforme apontado por Silva (2012, p.41-42). O exercício de investigação se constituiu a partir da análise de documentos curriculares oficiais para o ensino médio, a saber: ProEMI (BRASIL, 2009) e DCN (BRASIL, 2010), E DCNEM (BRASIL, 2012). Elencamos para a análise os documentos curriculares na sua forma prescritiva por entender que eles podem ser tomados como instâncias de formação, traduzidos em objetivos educativos explícitos e ação intencional institucionalizada, estruturada e sistemática.Os resultados indicam para uma formação média que se revela como um próprio sistema de poder simbólico. Hipoteticamente, a escola está aliada à justiça social, no exercício de possibilitar o acesso à educação. Alunos que têm “mérito” no processo de escolarização são sobreviventes, mas nesse jogo de sobrevivência, nem todos jogam as mesmas partidas e/ou tem os mesmos adversários. A Teoria do Capital Humano, neste momento da história, transita entre subjetividades diferentes, mas mantém a educação como alvo, na medida em que se trata de um lugar de formação e criação deste capital cognitivo.Nesta perspectiva, a trajetória escolar apresenta-se como um investimento na produção de renda e ascensão social, pelo qual cada sujeito se vê como empreendedor de si mesmo, cujo capital deve ser administrado para auferir resultados financeiros. Este contexto solicita uma escola mais eficiente, com melhor desempenho, que estimula a competição e a concorrência entre os alunos.