A dimensão formativa das obras audiovisuais amiúde é entendida em uma perspectiva lúdica, reflexiva ou ilustrativa, de acordo com os conteúdos abordados nos ambientes escolares formais. Este artigo parte de outra perspectiva, abordando as obras audiovisuais como objetos simbólicos que produzem variados efeitos de sentidos, sem significados subjacentes em si. Interessa-nos compreender como a caracterização de personagens professoras em filmes populares pode contribuir na formação da identidade profissional docente num viés de gênero, no sentido da aceitação sub-reptícia dos estereótipos atribuídos a essas personagens, ou no sentido inverso, de (des) construção desses mesmos estereótipos. Para tanto, conceitos oriundos da Análise de Discurso de vertente franco-brasileira, bem como as ideias decoloniais, oferecem subsídios para o uso de determinadas obras audiovisuais na formação de professores, desmistificando a suposta igualdade de gênero no exercício profissional da docência, abrindo, assim, um novo horizonte de discussão nas políticas de valorização da profissão docente.