A cidadania de travestis e transexuais é bastante precária. As normas hegemônicas de gênero e sexualidade construídas historicamente através de dispositivos as e os empurram para o limbo da marginalidade, da exclusão, da subcidadania. Nessa direção, travestis e transexuais tem se organizado em entidades, organizações e movimentos (como a ANTRA - Articulação Nacional de Travestis e Transexuais, a RedTrans – Rede Nacional de Pessoas Trans, a ABHT – Associação Brasileira de Homens Trans e o Ibrat – Instituto Brasileiro de Transmasculinidade) pressionando o Estado a garantir seus direitos e a sua dignidade. Nesse contexto, iniciativas, ações e políticas públicas tem sido desenvolvidas por alguns governos mais progressistas e abertos ao tema da diversidade sexual e de gênero. É na análise dessas iniciativas que esse estudo se insere. Portanto, este trabalho tem por objetivo analisar o Programa TransCidadania da Prefeitura de São Paulo, descrevendo suas ações e formas de atuação para o enfrentamento da transfobia e promoção da cidadania de travestis e transexuais naquele município. Esta análise está ancorada na importância de compreender iniciativas governamentais que visem reparar a dignidade da pessoa humana de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) no Brasil, um país com alta incidência de casos de violência e de iniquidades sociais envolvendo esta população. Desta forma, analisamos esta política pública através do seu decreto de criação, o Decreto 55874/2015, que demonstra detalhes, seja da concepção adotada pelo atual governo do município de São Paulo, seja do desenvolvimento e execução desta política junto à população trans paulistana. Os resultados apontam que o TransCidadania é um programa em fase inicial, de experimentação que prevê um conjunto de medidas que garantam o acesso a direitos básicos do público-alvo como a Educação, Saúde, Assistência Social, entre outros e prevê o empoderamento identitário como elemento fortalecedor da cidadania.