Este trabalho objetiva analisar aspectos de cunho socioideológico presentes no romance A hora da estrela (1977), da escritora Clarice Lispector. A discussão vislumbra refletir sobre inquietações sociais que permeiam essa narrativa e traz à tona as relações de submissão do indivíduo em várias situações do cotidiano, com destaque para a protagonista, Macabéa. Essa personagem representa a classe dominada, a massa, o sujeito assujeitado e atingido pelas agruras das injustiças sociais. A perpassar esse cenário, está a ideologia que, para Chaui (1980), é o ocultamento da realidade social que legitima a exploração e a dominação. Isso ocorre, segundo Althusser (2003) e Guareschi (1991), por meio dos Aparelhos ideológicos que são criados para (re)produzir e perpetuar os discursos que ajudam a manter os contrastes de uma sociedade dividida em classes, gerando as desigualdades sociais, a exploração dos fracos e oprimidos, e a falta de dignidade humana.