O Vale do Amanhecer é uma doutrina que se denomina espiritualista cristã, criada por uma médium que se acredita ter tido o dom da clarividência, que concebeu sobre o Brasil, especificamente no planalto central do país, Brasília, uma doutrina de ramificação eclética, com bases no espiritismo kardercista cristão e nas religiões de matrizes afro-brasileiras. Para se conceber a relação que compõe este trabalho, correspondente nas categorias entre religiões e sexualidades, percebeu que historicamente essas categorias teóricas têm relações conflituosas caracterizadas no contexto do discurso e do poder de uma sobre a outra e dos sujeitos como corpos que a elas são regidos. O Vale do Amanhecer não obstante a esses conflitos, como muitas doutrinas de moral cristã, também abre sobre si um discurso que categoriza o poder entre sujeitos, colocando os de orientação sexual divergente da “normativa”, a heterossexualidade, numa perspectiva de inferioridade/desigualdade perante as leis e regras que a regem. Objetiva-se então com este trabalho, trazer um olhar sobre a espiritualidade cristã do Vale do Amanhecer no que tange aos discursos que afetam as homossexualidades, numa relação de conflitos e afetividades. A metodologia concebe-se de uma analise de conteúdos e discursos previstos nas cartas e livros deixados pela clarividente, dos dirigentes de alguns templos e dos participantes homoafetivos da doutrina. Com a pretensão de contribuir com os estudos antropológicos sobre os conflitos entre religiões e sexualidades, abrindo um pouco na analise dos discursos a visão sobre o Vale do Amanhecer.